Marco Aurélio Cunha - Gestão

Por Oswaldo Dumas
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24 “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. 26 Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda”.
- O Prudente e o Insensato, Mateus 7

Gestão

1 - ato ou efeito de gerir. Administração, gerência. 2. mandato político

É a ciência social que estuda e sistematiza as práticas usadas para administrar.

Talvez um dos termos mais procurados nas buscas no mundo corporativo, o termo gestão é sinônimo de administração.

Planejar, organizar, dirigir, controlar.

É o processo de dirigir ações que utilizam recursos para atingir objetivos.

Estudantes, professores, administradores, diretores, presidentes, coachs. Todos estão sob uma gestão e talvez ao mesmo tempo ensinando, seja na prática ou na teoria o que é o tão procurado termo.

Jogadores e torcedores de clubes estão sob gestão de alguém, e isso interfere diretamente suas carreiras como profissionais ou personagens que defendem uma agremiação; ou suas emoções quando pagam ingresso para torcer para seu time do coração seja na arena ou no estádio que é gerido por alguém.

Sua carreira de jogador decolou? Aliado ao seu talento, tinha uma boa gestão!

Pode ser do presidente do clube ou do diretor de futebol.

Ou talvez nenhum dos dois, pois o clube não cumpriu suas obrigações, atrasou salários, deixou muita coisa inoperante e sem ação. Mas tinha ali um treinador sério, que conseguiu unir o grupo e tirar o que cada um poderia dar de melhor, mesmo na má administração do clube, colocando a gestão de pessoas acima de tudo e trazendo resultados na bola.

Nesse período também, o seu empresário soube captar certinho os seus momentos de fraqueza, vulnerabilidade, e fez o papel de um bom gestor de pessoas, extraindo o que tinha de melhor em você, impactando positivamente seu desempenho dentro de campo.

E daquela situação que parecia um caso perdido, veio uma proposta que foi o pulo necessário para o sucesso que você tem hoje!

Cada área terá sua peculiaridade quando o assunto é gestão!

E a verdade é que você, que está de alguma forma ligado ao futebol brasileiro, seja como membro da diretoria da CBF, presidente de algum clube, diretor de futebol, treinador, jogador, empresário, ou simplesmente torcedor, deve olhar de forma abrangente de que jeito você pode colaborar para que o esporte preferido do brasileiro evolua.

Devemos exaltar nossos feitos dentro de campo, como representantes do futebol mais bonito, fabricantes dos melhores jogadores do planeta, e obviamente como detentores de cinco títulos mundiais.

Mas, não podemos fechar os olhos para a atual situação dos clubes brasileiros, que dormem em cima de dívidas exorbitantes, consequência de ações irresponsáveis de gestores que agem de forma imprudente.

Infelizmente muitas arestas são mantidas abertas, muita “sujeira é levada para debaixo do tapete”, talvez pelo fato do futebol ser um esporte passional.

Da mesma forma que hoje você xinga seu time que foi campeão no ano passado, você o aplaude se ele for campeão de novo amanhã, ainda que as dívidas que ele apresente, sejam impagáveis.

O seu time foi eliminado ontem, mas a sua raiva passou no dia seguinte, pois o presidente anunciou uma badalada contratação estrangeira. Dessa forma, ele ofusca o revés recente, ainda que ele não tenha a mínima ideia de como vai pagar os salários do craque que chegou.

E você fica feliz, elogia o feito e já faz planos para comprar a camiseta nova, afinal é o seu time do coração!

E assim, vamos ocultando erros, postergando soluções, e retardando a possível evolução do nosso futebol.

O cenário brasileiro baseado em fatos reais

Vejamos alguns exemplos práticos, citando casos dentro do contexto do futebol brasileiro.

São inúmeras perguntas, mas com o objetivo fazermos extensa reflexão:

Corinthians. Campeão brasileiro em 2011, 2015 e 2017, da Libertadores e Mundial em 2012. Detentor de uma arena moderníssima, padrão FIFA. Como explicar os valores exorbitantes que o clube deve?

Se tem tanta dívida, como consegue anunciar inúmeros reforços e pagar salários fora da realidade do futebol brasileiro?

Quem se lembra da tumultuada parceria com a MSI de Kia Joorabchian? O iraniano investiu milhões de reais no clube em troca do controle do departamento de futebol. Trouxe um elenco recheado de craques e conquistou o tumultuado Brasileirão 2005. Será que valeu a pena?

Houve mais pontos positivos ou negativos nessa gestão?

E o São Paulo, que era o maior exemplo de sucesso do futebol no Brasil, único tricampeão Mundial de Clubes, único tricampeão brasileiro consecutivo?

O melhor centro de recuperação de atletas do país, estádio particular, centro de treinamento de primeiro mundo, fábrica de craques, dono da grande marca “Made in Cotia”.

Mas então, o que explica tantos anos sem ganhar um título? Caso ganhe algum nos próximos anos, quanto se deve a uma nova estratégia utilizada?

São dezenas de troca de treinadores que são contratados numa política de tentativa e erro. Parece não haver um estudo, um conceito, uma permanência de ideia, uma filosofia!

Eles entram pressionados e saem fracassados; e pior, quando saem, obtém êxito em outras agremiações.

Sem falar na quantidade absurda de contratações sem sentido, sem critério, de jogadores que não tem condições nenhuma de vestir a camisa do clube.

Se a histórica é rica, a estrutura é a mesma, o que aconteceu com o gigante tricolor?

E o Palmeiras que depois de quase 18 anos sem títulos, foi salvo décadas atrás pela Parmalat? Montaram verdadeiros esquadrões, foram campeões!

E agora, anos depois, vê o filme se repetir nas mãos da Crefisa!

O que seria do verdão sem essas parcerias, e o que será do clube quando tiver de seguir por suas próprias pernas?

E o atual bicampeão brasileiro, o Flamengo, time de maior torcida do Brasil?

O sucesso atual, é fruto de uma gestão valorosa, ou “não fez mais que a obrigação” considerando que tem um elenco milionário, e uma folha salarial que é quase o dobro do segundo colocado no país?

Em outra dimensão de análise, qual o valor dos três acessos seguidos em 2016, 2017 e 2018 do CSA de Alagoas, que foi da série D para a série A do Campeonato Brasileiro? Com quais recursos eles conseguiram tamanho feito?

Em contrapartida, e de forma antagônica, por onde anda a tão querida Portuguesa?

Segundo clube de todos os paulistanos, com um estádio maravilhoso, em localização perfeita no centro da capital paulista, com potencial de exploração enorme! Tem o apoio contundente da fanática comunidade lusitana!

Inimaginável que esse time que em 1996 jogou a final da elite do Campeonato Brasileiro, hoje não dispute competições em nível nacional, limitando-se a disputa da divisão de acesso do Campeonato Paulista.

E o tradicional e charmoso Juventus da Mooca, que tem a força de um bairro inteiro apaixonado em sua volta?

Sede social, estádio, estrutura de formação de base. Cenário pronto para brigar com grandes clubes. Tem a áurea histórica de ter sido palco do gol mais bonito da carreira do Rei Pelé, que recebeu um busto no acesso ao campo como homenagem.

Nome forte, estrutura, história, torcida que apoia!

Mas o clube sofre para se manter, e há décadas disputa apenas competições de acesso em nível estadual.

Infelizmente, tem algo errado.

Infelizmente, falta algo!

O legado

Mas falando em algo que falta, você sentiu falta, ou sabe como estão os bilionários estádios construídos para a Copa 2014? Quem são os responsáveis pela gestão de cada um? Saberiam nos dizer quais os lucros ou prejuízos que cada um tem?

E como citamos 2014, como está a sempre potente e glamorosa seleção canarinho? Única pentacampeã de futebol no planeta!

O fatídico 7x1 contra a Alemanha, foi consequência de erros de gestão, em várias esferas, ou foi apenas um daqueles românticos dias em que os “deuses do futebol” estão presentes e decidem torcer para alguém?

Depois desse jogo lamentável, o que se discutiu em nome da gestão do futebol brasileiro a fim de resgatar sua essência?

Esperança nelas!

E o humilde e batalhador futebol feminino? Pouco valorizado até então, com grandes guerreiras, que ano após ano procuram seus espaços, buscam melhorias, patrocinadores, gestores que lhes tragam reconhecimento.

São duas finais consecutivas de olimpíadas em 2004 e 2008. Um segundo e terceiro lugar na Copa do Mundo de 2007 e 1999 respectivamente, competindo com rivais cujos países valorizam, incentivam, investem volumosamente.

Temos por seis vezes a melhor jogadora do planeta, além de inúmeras jogadoras de qualidade indiscutível.

E ainda que o cenário tenha melhorado recentemente, vemos o quanto nossas meninas sofrem se comparadas com o futebol masculino, ou com mercados estrangeiros.

Mas então, o que falta?

Certamente não temos respostas exatas para todas as perguntas, e nosso objetivo aqui é formar uma reflexão, a fim de que você, que atua em uma esfera determinada no universo do futebol, sinta-se movido e comovido, a fim de colaborar com algo em prol do time que você trabalha, da sua carreira como jogador, ou simplesmente como torcedor, com o afã de ver a bola rolar de uma forma mais bonita valorosa.

Obviamente tudo que foi citado de cada clube, seleções, estádios, é referente ao momento em que essas linhas são escritas. Sabemos no entanto que o futebol é cíclico, e fica inclusive a torcida para que o cenário seja alterado de forma positiva daqui para a frente.

Quem é você na gestão?

Seguindo o exercício de perguntas reflexivas, e diante desses exemplos específicos citados acima, que fazem parte da realidade atual no nosso futebol, sugerimos que cada um com a responsabilidade e posição que lhes é devida, pensasse agora nas seguintes variações, sempre trazendo à mente o conceito e o encaixe da palavra gestão:

Você presidente de clube, ou diretor de futebol, tem feito uma gestão de sucesso?

O clube é deficitário, os números e projeções são péssimos, e o time só perde?

O clube é deficitário, os números e projeções são péssimos, mas o time será o campeão nacional?

Os números do clube, receita, são favoráveis mas o time está na zona de rebaixamento?

Os números do clube, receita, são favoráveis e o time tem campanha exemplar, está nas finais do campeonato?

Você treinador do time, apenas fica na beira do campo gesticulando e gritando, ou tem uma gestão de pessoas aliado ao teu objetivo?

Recebe apoio da diretoria, os salários em dia, tem ótimos jogadores, mas não consegue ganhar o grupo, fazer o time jogar?

Recebe apoio da diretoria, os salários em dia, tem ótimos jogadores, e extrai o que cada um tem de melhor, revela jogadores e faz times campeões?

Não recebe apoio nenhum, não tem salários pagos em dia, jogadores medianos e não consegue extrair nada deles, perde a maioria dos jogos?

Não recebe apoio nenhum, não tem salários pagos em dia, jogadores medianos e mesmo assim você se entrega, tira o que cada um tem de melhor, desponta talentos e ganha quase todos os jogos?

Você empresário do futebol, tem jogadores que estão com você desde a base, dedicou parte de sua vida a eles, investiu, administrou conflitos fora de campo para que eles tivessem foco dentro dele?

Soube gerir esses conflitos, contratos não cumpridos, revezes, políticas de interesse?

Tem em seu portfólio, aquele jogador promissor, que fez base inteira em clube grande e agora na transição para o profissional precisou enfrentar a dura realidade do futebol brasileiro jogando em clubes falidos? O futuro dele está entregue em suas mãos, e você terá de suportar todos os tipos de cobrança que virão dele, da família etc

Ou tem aquele que jogou em clubes inexpressivos a base inteira e de repente brilhou, e chamou atenção de um grande clube, e você agora é responsável por um ego que até então não existia? Empresários concorrentes, patrocínios esportivos leiloando a mente do teu atleta, que não sabe o que é melhor para ele, canais de televisão e periódicos esportivos falando diariamente sobre o novo craque...

Ou você, empresário de jogadores de primeira linha, que negocia com os melhores times do planeta o tempo inteiro e é responsável pelo desempenho emocional do jogador num mundo de status que o futebol oferece, e terá um desses jogadores disputando em breve uma final de Copa do Mundo.

Quanto do sucesso desses atletas em seus clubes ou na seleção brasileira é parte de uma boa gestão sua?

Você jogador que agora é sua própria empresa: treina, se alimenta, descansa o corpo, que é seu instrumento de trabalho?

Costuma fazer apenas o que te pedem, ou tenta se aperfeiçoar quando tem um tempo disponível?

Sabe trabalhar sua imagem, ou nem se importa com ela?

Posta coisas comprometedoras nas redes sociais, usa bem o tempo de descanso nas festas, nos encontros?

Como é sua gestão pessoal, seu cuidado com o produto interno?

E você torcedor, que acha que não participa da gestão, já faz parte do plano de sócio torcedor que ajudará na receita do clube?

Apoia incansavelmente o time na hora que ele mais precisa da torcida?

Ou, se você é daqueles que quebra as cadeiras do estádio, ou apedreja o ônibus, tem alguma noção de quanto isso custa para o clube?

No mundo fora da bola

Transpondo da bola para o mundo fora dela, você inevitavelmente desenvolve gestão.

Na empresa em que trabalha de uma forma ou de outra, com mais ou menos intensidade. Na sociedade como um empreendedor, um político, um síndico, um pastor, um professor. Na família como um pai, um provedor.

De forma geral e diante do papel que você desempenha, você consegue sim avaliar o que está sob tua gestão, sob a tua gerência, sob o teu cuidado.

Diante de tantas questões feitas nesse capítulo, ligadas diretamente à gestão no mundo da bola, cabe uma nova reflexão para você, fora dela:

Você tem administrado bem sua vida?

Você consegue perceber traços de um verdadeiro gestor em alguém que está acima de você, e que gere algo que você esteja envolvido?

Com essa análise, você consegue medir os pontos fracos e os pontos fortes da gestão em âmbito geral, e a profundidade que essa palavra tem no seu cotidiano, e por consequência na sua vida.

Inseridos nesse cenário de gestão de sucesso, nos vimos na iminência de falar com alguém cujo currículo está naturalmente vinculado ao tema, e que talvez não responda a todas as perguntas feitas, mas que certamente trará maior amplitude e mais capacidade analítica a fim de nos ajudar em nossa reflexão.

MAC

Marco Aurélio de Almeida Cunha, mais conhecido como Marco Aurélio Cunha, ou simplesmente MAC, é a eterna esperança tricolor.

É talvez o que se tem de mais completo hoje no futebol do Brasil, quando o assunto é gestão.

Sua relação com o São Paulo F. C. é algo que o remete à lembrança de quase 50 anos, quando ainda na década de 70 era estagiário do departamento médico do clube.

E por ali ficou até 1990, quando já era médico ortopedista.

Recém saído do São Paulo por questões políticas, MAC que sempre foi articulado e bem relacionado, mestre na gestão de pessoas, recebeu o convite para fazer parte do C. A. Bragantino, que sofria com sucessivas lesões no brasileirão série B de 1989.

Ele seria então um dos responsáveis em reestruturar o departamento médico do clube.

Assim que chegou ao clube iniciou-se uma revolução. Equipamentos foram comprados e o espaço ampliado.

“Quando cheguei, tinha uma, duas macas de madeira, balde para água quente, uma ou outra coisa do departamento. Montamos tudo o que tinha de ser feito, ampliamos o espaço. Até o Vanderlei Luxemburgo ia buscar tijolos, e os trazia no carro. A diretoria comprou o que precisávamos. Em menos de um mês tudo ficou pronto!”

A chegada de MAC surtiu efeito dentro de campo, e o Bragantino foi campeão paulista em 1990, e vice campeão brasileiro em 1991.

Já naquela época, ainda médico mas com visão de gestor, MAC analisou e destacou que a conquista fora por conta de uma junção de fatores: a qualidade dos jogadores que tinham muita vontade e entenderam o que o treinador queria, o bom trabalho da comissão técnica, e a forma de administrar dos dirigentes, apesar de não terem tantos recursos.

Após sua passagem pelo time de Bragança, MAC fez parte do jovem time do Guarani F. C. de 1992 e 1993, e daria como médico, as calibradas nos pés e joelhos de jogadores como Luizão, Edilson e Amoroso.

Na sequência, atuou como consultor médico e de gestão na Parmalat no Brasil, colaborando diretamente para a subida do E. C. Juventude para a elite do futebol nacional, e também com o título de campeão Brasileiro do S. E. Palmeiras em 1994.

Com toda essa experiência dentro do Brasil, Marco Aurélio Cunha seguiu um desafio de atuar como consultor médico e esportivo no Japão pelo Kashiwa Reysol e Verdy Kawasaki, onde ficou por dois anos e adquiriu vasta experiência.

Em 1996 ao retornar ao Brasil, percebeu o quanto o futebol brasileiro precisava se modernizar, e o quanto faltava de profissionalismo na gestão dos clubes.

Assim, nesse mesmo ano, começou sua trajetória como diretor de futebol, e seu primeiro grande desafio foi o Coritiba F. C.

Mas tão logo sua competência foi percebida, já estava no glorioso Santos F. C., que o contratou em 1997 para também dar início ao trabalho de profissionalização da gestão do clube.

A contratação surtiu efeito, e MAC deixou sua marca na infraestrutura do clube, mudando a área médica, modernizando o centro de treinamento, e preparando caminho para surgimento de craques como Robinho e Diego. Além é claro, de títulos como a Taça Rio-São Paulo 1997 e a Conmebol 1998.

O ciclo no Santos foi de dois anos, e o trabalho foi bem concluído, mas MAC aspirava novos desafios, a fim de expandir suas marcas de “cuidar de pessoas” e “melhorar clubes”.

Dessa vez então, ele assumiu o Figueirense, time de SC, que em 1999 estava na terceira divisão do campeonato brasileiro. Em 2002, o time já estava na elite do futebol nacional.

Ao sair do Figueirense F. C., MAC ainda teve uma rápida passagem pelo rival Avaí F. C., onde também deixou sua colaboração.

Mas algo grandioso estava por vir, e MAC voltou para o clube onde tudo começou, e onde conquistaria os seus principais títulos como dirigente.

E foi assim que em 2002 ele retornou ao São Paulo Futebol Clube.

O São Paulo vinha de uma geração vitoriosa no início dos anos 90, com uma torcida acostumada a ganhar tudo, mas que passava por uma seca de títulos.

Entre o mundial 1993 e a chegada de MAC, o clube ganhou apenas os estaduais 1998 e 2000, e o Rio-São Paulo 2001. Além, do pouco expressivo Superpaulistão 2002.

Naquele momento, com a chegada do diretor Marco Aurélio Cunha, houve um choque de gestão, e o clube voltou à rotina de clube vencedor, conquistando o estadual, a Libertadores da América e o Mundial de Clubes num único ano, em 2005.

E não parou por aí. Essa gestão foi tricampeã brasileira de forma consecutiva em 2006, 2007 e 2008.

Com sua visão, e conhecendo as entranhas do setor onde começou como estagiário, fez uma verdadeira revolução no departamento médico do clube, criando o Núcleo de Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica, o REFFIS, que tem relevância mundial.

Sempre obstinado, e com vontade incansável de fazer algo melhor, MAC acreditou que chegara a hora de fazer algo em âmbito maior, fora do futebol, para a sociedade como um todo.

E foi assim que em 2008 recebeu reconhecimento público e decidiu concorrer nas eleições municipais paulistanas, sendo o quarto vereador mais votado entre os estreantes no pleito.

Em pouco tempo MAC já era líder do partido na bancada da Câmara Municipal.

Foi também corregedor geral, vice presidente da Comissão de Justiça e Defesa da Cidadania e membro da Comissão Parlamentar de Inquérito do Cine Belas Artes, criada para apurar irregularidades no processo de tombamento do prédio onde funcionou o cinema.

Em apontamentos feitos na época, MAC chegou a ser o terceiro parlamentar com o menor gasto de gabinete entre os vereadores da casa, mostrando como se faz uma verdadeira gestão.

Em 2012, MAC foi reeleito, sendo o segundo vereador mais votado em seu partido.

Nesse período, seu trabalho como gestor público foi reconhecido e ele foi avaliado pela ONG Voto Consciente como o quarto melhor vereador da cidade.

Depois disso, MAC decidiu não seguir na carreira pública e resolveu retornar ao futebol, mas com um novo desafio, com algo jamais experimentado antes. Ele queria algo inédito.

E assim, em 2015, ele surpreendeu e ofereceu toda sua experiência em gestão de organizações e de pessoas àquelas que sem dúvidas eram as que mais precisavam de alguém do seu calibre.

E foi nesse contexto que MAC enxergou a carência e assumiu o cargo de Coordenador de Seleções Femininas, na CBF.

Foram cinco anos de títulos e de pura evolução, e precisaríamos de muitas linhas para descrever o tanto que MAC trouxe ao sedento futebol feminino, com seu conhecimento de gestão.

Em 2020 então, ele resolveu respirar novos ares, e optou por sair da CBF, com a plena certeza de que deixou um belo legado.

Na trave

O novo caminho de MAC após sua saída da CBF, seria o chamado “casamento perfeito”, entre um mestre de gestão, e um clube grandioso que dentre os grandes do Brasil, era o que mais precisava dele, e o que mais tem a sua “marca”.

A fanática torcida tricolor do Morumbi encheu seus corações de expectativas e chegou a fazer planos para receber MAC de braços abertos.

Mas inclusive nessa reflexão de gestão dos clubes, por trâmites internos e políticos, esse caminho não se concretizou, e o São Paulo Futebol Clube ficou sem a expertise de quem poderia trazer a retomada do gigante adormecido.

Partindo para um novo desafio então, MAC aceitou o convite para ser o novo executivo de futebol do Avaí FC, clube em que já havia trabalhado, e que, assim como o resto do Brasil, reconhece o tanto que o profissional pode agregar com sua competência administrativa e visão geral, seja de futebol, de medicina, ou de relação com as pessoas.

Com poucos meses de planejamento, MAC já deixou carimbado seu certificado de vencedor, e levou o Avaí ao título do Campeonato Catarinense 2021.

Nesse segundo semestre teria a difícil missão de conduzir o clube ainda nessa fase de pandemia, na disputa do Campeonato Brasileiro Série B 2021.

Enquanto essas linhas são escritas, no entanto, o mundo do futebol abre interrogação para o novo destino de Marco Aurélio Cunha, que acaba de noticiar sua saída do Avaí.

Foram oito meses de gestão, um título estadual e o clube na briga pelo acesso à elite do futebol.

Administração, vitória, competência, e principalmente gestão, são palavras que naturalmente são ligadas a MAC.

Certamente os clubes já abriram seus olhos, pois contar com Marco Aurélio Cunha é certeza de sucesso!

O futebol anseia por esse novo capítulo da vida desse gigante da gestão!

Num descontraído bate papo sobre gestão de sucesso, Marco Aurélio Cunha nos ensina aspectos de um bom gestor, e nos dá dicas de como podemos transpor da bola para a vida ensinos práticos que nos tragam evolução.